sábado, 28 de janeiro de 2012

NARCISA , AI QUE DELICIA !


Ela está fazendo o maior sucesso no reality-show “Mulheres ricas”, na TV Bandeirantes. (segundas às 22h e sábados às 22.30h) Parece que se diverte com tanta futilidade à sua volta. Às vezes o programa fica barra pesa
da, ostentador, dissecando o comportamento poderoso e vazio das participantes, mas ela quebra qualquer arrogância com uma espontaneidade de moleca, de cuca legal, livre, leve e solta que aproxima e iguala todas as classes sociais.

Uma de suas máximas:
Eu sou uma mendiga que se disfarça de rica”

O carisma de NARCISA TAMBORINDEGUY pode ser medido por aqueles que não a conhecem, como eu, ela parece uma amiga muito querida, irmã, prima, namorada, alguém muito próximo que conhecemos há muito tempo. Nos tempos atuais, está sempre com os holofotes em cima, fazendo parte da tribo contemporânea das celebs. No blog da Hilde ou no programa do Amaury Jr, é figura carimbada.

Nascida Narcisa Claudia Saldanha Tamborindeguy, de família gaúcha, é descendente de imigrantes de origem basca e portuguesa. Carioca, filha do empresário Mário Tamborindeguy e de Alice Maria de Souza Saldanha, é irmã da deputada estadual Alice Tamborindeguy, e mãe de Marianna e Catharina. Formada em Direito, estudou jornalismo e línguas fora do Brasil. É madrinha da instituição de caridade Lar da Narcisa, que ajuda a manter.

Lançou dois livros: “Ai, que loucura!” ( Editora Caras ) sobre o jet-set carioca e “Ai, que absurdo!” (Editora Matrix) contando absurdos do cotidiano e dicas de viagens. Mas no fundo, parece estar sempre dizendo: “Ai, que delicia!”.

Depois de dois casamentos, está namorando há um ano o escritor e jornalista Guilherme Fiúza, que declarou ao site Gente/Babado: “Existe um personagem, mas Narcisa é um doce, criativa, uma pessoa linda de bom coração que eu adoro”.

A Ânima e a persona de Narcisa se misturam, a bordo de um olhar tão vivo e sorridente que contagia toda a torcida do Flamengo. Vale a pena sintonizar o programa só pra se conhecer um pouco mais uma personalidade especial como ela, que vibra intensamente a vida e transmite um plus a mais daquilo que aparenta.

Ai, que delícia de Narcisa!

A VISITA DA "BLOGUEIRA CEGA" YOANI



O Brasil acaba de conceder visto de turista à filóloga e jornalista cubana Yoani Sánchez, autora do blog Generación Y – Geração Y – a principal voz virtual contra o governo de Cuba. Com humor cáustico sobre o cotidiano da ilha caribenha, o blog é editado desde 2007 com dificuldades, pois a própria Yoani não pode acessá-lo de casa, e por isso define-se como uma “blogueira cega”. Um sistema de filtragem de acesso impossibilita que ele seja acessado em Cuba, e para confeccioná-lo, ela conta com a ajuda de colaboradores voluntários de outros países que atualizam o blog. Por telefone ou via email, ela envia e dita os textos. O blog é traduzido em vinte línguas.

O documentarista baiano Dado Galvão acionou o convite à Yoani, entrevistada de seu mais novo filme “Conexão Cuba/Honduras”, que terá sua primeira exibição pública dia 10 de fevereiro próximo em Jequié. O filme, rodado em 2009, documenta momento delicado da retirada do presidente Zelaya do poder, o cerco à embaixada do Brasil e o envolvimento da diplomacia brasileira. Segundo Galvão, o filme tem características de denúncia à violação de direitos humanos.

A decisão de conceder o visto a uma das mais ativas e conhecidas opositoras ao regime ditadorial de Cuba, chega na véspera da Presidenta Dilma visitar a ilha, no momento, vivendo uma repercussão negativa pela morte do dissidente Wilman Villar Mendonza, por greve de fome. Ao jornal O Globo (26/janeiro), Yoani declarou: “Já tenho o visto para o Brasil. Agora falta o mais difícil, a permissão de saída.”



domingo, 22 de janeiro de 2012

SALVE, JORGE FERNANDO! O PROGRAMA DO VERÃO ESPERTO



O ano começou bem para o verão carioca: está em cartaz no Teatro dos Quatro, do Shopping da Gávea, “Salve, Jorge Fernando" a nova comédia do ator e diretor JORGE FERNANDO, que tem a alegria e o calor da estação, e conta a trajetória de vida nestes trinta e tantos anos de estrada de uma das mais impressionantes vocações artísticas do teatro e da televisão.

Nascido no dia do santo guerreiro e batizado por sua mãe Hilda com o seu nome, Jorginho é a expressão viva do corajoso soldado romano que defendeu sua Fé com determinação. Aos 56 anos, depois de ter matado muitos dragões, é um artista vitorioso, com carreira consistente na televisão, teatro e shows musicais. “Salve, Jorge Fernando” é um recorte vivo de momentos que pontuaram uma trajetória rica em experiências da história do show-bizz dos últimos quarenta anos.

Um dos momentos mais belos do espetáculo é quando lembra sua passagem pelo grupo Dzi-Croquettes, quando estrelou o espetáculo internacional “Romance”, vivendo Pierrot (foto acima). Com o carisma e o bom humor de sempre, ele segura a plateia na mão, conversando, mexendo e provocando, paralelo a um bem produzido patchwork dos momentos mais importantes da vida profissional e pessoal do artista. E fala tuuuudo bem coloquial e sincero. Cita “As 1001 encarnações de Pompeu Loredo”, a estreia como diretor, encena trecho de “As gralhas”, dirigida por Marcos Paulo nos anos 70, conta causos engraçados vividos durante os shows de Ney Matogrosso, Simone e Elba Ramalho, entre outros momentos marcantes do show.

Cercado por tecnologia de ponta, projeções, inserts, efeitos e iluminação caprichada de Juarez Farinon, Jorginho conta detalhes desde a sua chegada na televisão no seriado “Ciranda, Cirandinha”,passando pelas primeiras direções incentivadas por Roberto Talma até a sua mais recente produção, a minissérie e filme “Dercy de verdade” - recentemente apresentada com sucesso na Globo, a atração continua alvo dos comentários gerais. E fala do seu envolvimento com a homenageada Dercy Gonçalves e também com as elogiadas protagonistas Heloisa Perissé e Fafy Siqueira.

“Salve, Jorge Fernando” é um tiro certo no mau humor, um sorvete de verão delicioso e muuuuito nutritivo. Imperdível.

sábado, 7 de janeiro de 2012

LEILA DINIZ, 40 ANOS DEPOIS




LEILA DINIZ, “essa menina livre que Deus chamou”, soma neste 2012 quarenta anos que saiu de cena. Em 14 e junho de 1972, o Brasil, em meio a tantas turbulências, recebeu a pior noticia do ano: o avião que trazia a atriz de Nova Délhi (Índia) explodiu no ar. Com 27 anos estrelou-se, e firmou brilho no céu, de onde nunca mais saiu! Não tem como olhar o firmamento e não visualizar seu sorriso escancarado. Ela é a estrela mais reluzente, que reflete em todos nós, especialmente no comportamento feminino que ajudou a revolucionar, a liberdade da sua cuca, o corpo desavergonhado e o sol da alegria que contagia cada sorriso de mulher...

A Rainha das Vedetes de Ipanema de 1970 merecia a capa do Jornal de Ipanema. Mário Peixoto me deu a matéria principal da virada da década, e lá fui eu fotografar Leila nas areias escaldantes do Castelinho para o lançamento da revista “Tem Banana na Banda”, sua mais importante incursão nos palcos. Como promoter do espetáculo, promovi a eleição da Rainha das Vedetes de Ipanema, para apresentar o elenco à imprensa e convidados. Leila, Gladys, Aninha Magalhães, Aparecida, Zeli, Regina Bocão e Luciene desfilaram, enquanto Norma Suely e Albino Pinheiro, os mestres sem nenhuma cerimônia, apresentavam o evento com fundo musical da Equipe Mercado de Diana Stull e Pedro Sayad. O Poeira de Ipanema, hoje o elegante restô Terzetto, inchou de gente. Parou a General Osório, claro. Virgina Lane, a Vedete do Brasil, coroou Leila. Que zona, *!#*¨¨*” !

Boa noite, minha gente, nossa revista espetacular, com muita pimenta e muito sal vai começar, boooa noite !...

Assim Leila começava a revista ipanemenha que trouxe de volta o gênero teatro de revista para a zona sul carioca com molho tropicalista, misturando plumas, abacaxis e bananas em luxuosa produção que marcou época. E como! Paralelamente, rolou a bombástica entrevista que ela concedeu ao semanário O Pasquim, que abalou o país em plena ditadura militar. No palco, sob ferrenha perseguição da censura, era difícil segurar sua verve de vedete curtidora, e os palavrões eram disfarçados – em vez de caceta, cáceta, por aí –


...Tem muita banana na banda pra quem quizer comprar, tem só banda sem banana pra quem quizer olhar...E tem banana na banda pra quem olhar e goooooostar!

Mas Leila teimava em cantar: “...pra quem olhar e gooooozar!” Anárquica e debochada, era uma delicia em cena, super à vontade, linda, gostosa, na sua praia. Ao lado de Tânia Scher, Norma Suely e Valentina Godoy formava o time das vedetes principais, cercada de mulatas, boys, conjunto musical, atrações e os comediantes Nestor Montemar e Ary Fontoura.

Os quadros levavam assinaturas célebres - Millor Fernandes, Oduvaldo Vianna Filho, Luiz Carlos Maciel, José Wilker, Enio Gonçalves e Kleber Santos, que também dirigia o espetáculo.



Meninos, eu vi. Eu estava na mesa da Gôndola quando Nestor Montemar e Luiz Fernando Goulart acionaram a ideia. Minutos depois entrava no famoso restaurante dos artistas, o Kleber. Sentou na mesa e ciente da empreitada, topou dirigir. Dois dias depois, acompanhei Nestor na praia de Ipanema - era o lugar certo de encontrar Leila – e ela aceitou o convite de Nestor na hora.


Luiz Fernando vendeu a ideia para o amigo, o empresário Marco Aurélio Moreira Leite, uma das figuras mais doces e brilhantes que já conheci. Uma mega produção foi levantada pelos dois, claro, tudo aos pés da musa de Ipanema.


Leila era afinada e graciosa no canto, cantava Lola de Lamartine com Nestor que era uma graça. Nos quadros de humor tirava partido, e mostrava seu lado comediante bem afiado, fosse como uma portuguesinha sacana que acompanhava Cabral (Ary Fontoura) na descoberta do Brasil, ou nas safadas Composições infantis, escritas por Millor, onde aparecia “inocentemente” chupando pirulito ao lado de Nestor. Dançava também sensualmente um mambo frenético com os boys Paulo Taboada e Silvio Correia Lima (depois Ivan Sena) que surpreendia e agradava geral. Seu namorado "Cachorro" entrou no mambo à certa altura.



As mulatas foram escolhidas pelo expert Albino Pinheiro, e recebeu o título folclórico de As Albinetes... Na retaguarda, Guilherme Vaz assinava as ótimas músicas e a direção musical, Suzana Braga na coreografia brincava com os clichês da revista e Luiz Carlos Ripper estreava como cenógrafo e figurinista, produzindo verdadeiro impacto visual com o vestuário super criativo e colorido, assim como os telões dos cenários emoldurados pelo mar de Ipanema.

Ela é eterna, e o amigo Luiz Carlos Lacerda, o Bigode, eternizou sua vida no celulóide, através do filme “Leila Diniz”, umas das maiores bilheterias brasileiras de 1987. No animado restaurante Madrugada, do chef Rodolfo Bottino, dei a minha sujesta para ele: a Leila ideal é Louise Cardoso. Marieta Severo falou o mesmo. E Louise, com a vibrante direção de Bigode, criou um de seus melhores trabalhos como atriz, abiscoitando prêmios e aplausos unânimes, assim como o filme.




O jornalista Joaquim Ferreira dos Santos publicou, em 2008, a biografia de Leila para a Companhia das Letras – Perfis brasileiros, Uma revolução na praia – vendendo mais que banana! (na banda, claro) A caprichada edição traz aquele texto fluente, gostoso de ler, onde Santos mostra o quanto ela estava à frente do seu tempo, mesmo sem querer levantar bandeira, como afirmava – “A única bandeira que eu quero levantar é a da Portela!”


...Essa bruxa solta pela cidade não vai partir, não vai morrer, vai viver no amor de cada mulher


Em 1982, em parceria com o querido e saudoso Candido José Mendes de Almeida, criamos o Festival “Leila Diniz, dez anos depois” no Centro Cultural Candido Mendes. Filmes, debates e uma super exposição trouxeram de volta em retrospectiva sua breve mas intensa vida e obra.

Taiguara, poeta à flor da pele, mais inspirado que nunca, compôs “Memória Livre de Leila” que Claudia, tão emocionada quanto o compositor, gravou. É de arrepiar os pentelhos, como diria Leila.

E o BUCANEIRO tem a honra de apresentar a homenagem de Taiguara (TV Manchete,1989) para deleite de todos voces nestes 40 anos de muuuita saudade. Oba!





terça-feira, 3 de janeiro de 2012

NOVA ÉTICA PARA O USO DA PALAVRA



Tenho observado que a Palavra, manifestação verbal ou escrita que faz o mundo girar e as pessoas se entenderem, tem sido banalizada e desgastada com o passar do tempo. Parece que o mundo muderno não está nem aí para as suas significações e expressões, tal a ansiedade de chegar a lugar nenhum, seja na correria globalizada impregnada nos corações e mentes, ou na urgência de um convívio geral que beira a superficialidade. Assim, para qualquer situação, se diz o que primeiro vier à cabeça. Mas, e o peso da palavra, ela é ou não é a alta expressão do pensamento ?

A Filologia, desde os gregos antigos, estuda a língua, a literatura, a cultura e a civilização sob uma visão histórica, a partir de documentos escritos. O universo conspira ao som da Palavra. De dez.

Com a popularidade da internet, a Palavra ganha uma importância capital no nosso dia a dia, por isso acredito que o momento é super oportuno para se refletir sobre o assunto, e a gente se conscientizar do cuidado que se deve ter ao dizer, escrever - e por que não, pensar - com uma atenção especial no conceito, no significado verdadeiro e absoluto do vocábulo, na atualização do fonema e, por que não, na arte da Palavra.

“De todas as artes, a mais bela, a mais expressiva, a mais difícil, é sem dúvida a arte da palavra.” (Latino Coelho, A Oração da Coroa )

A Gíria é um fenômeno de linguagem especial, que nascida num determinado grupo social, termina estendendo-se, por sua expressividade, à linguagem familiar de todas as camadas sociais. Eu gosto, e uso. Uma gíria contextualizada, bem usada, dá um sentido contemporâneo à narrativa e um toque bem humorado, tipo bacana, irado, legal, caidaço, pirado, genial, mixa, mico, putz, bicho, demorô, tesão, sacar, curtir e tantas outras... algumas são classificadas como termo chulo, são expressões populares que nascem e se multiplicam aos montes nas esquinas.

O chamado baixo calão, o Palavrão, cumpre uma agressividade gratuita e, na maioria das vezes, uma limitação de vocabulário de quem profere. Segundo espiritualistas, ele atrai uma freqüência baixa de espíritos negativistas que bota todo mundo pra baixo e intolerante...Xôô! Cai fora.Prefiro guardar o palavrão para o momento inevitável de uma topada. E só.

Expressões chulas são usadas sem pensar direito no conceito que produzem. Corno, cornudo, chifrudo, por exemplo, classificam (e julgam) o (a) traidor(a) e o(a) traído(a), um tema moralista que o brasileiro adora, e que pertence,sem dúvida, a mais alta selvageria do lado primata do ser humano. E neguinho gosta...

Termos que merecem a lata do lixo (a essas alturas do século 21), conferem discriminação e galhofa aos seus usuários: piranha, bicha, viado, puta, criolo (a),fanchona, sapatão, um(a) preto(a), paraíba e bichona, entre muitos, ofendem terceiros, revelando preconceito racial e de opção sexual. É tolerância zero.

Sempre me intrigou o uso coloquial do... Muito Obrigado. Obrigado a que, cara pálida? Se o termo é um agradecimento, gratidão, reconhecimento, ou recebimento de uma graça, acho que cabe melhor um - Grato, Gratíssimo, e até um simpático...Valeu! Li não sei onde que esse lance de “muito obrigado” vem dos portugueses quando aqui nos colonizaram, e cobravam retribuição por parte dos tupiniquins – o de se sentir obrigado... (sic)

“Jamais haverá ano novo se continuar a copiar os erros dos anos velhos”(Luis de Camões)

Vamos tirar Camões do ostracismo!”, como bradava Jorge Loredo nos geniais humorísticos da TV Rio,.Camões é poeta maior e renovador da língua portuguesa. Manipulou todos os recursos da língua ampliando seu campo de expressão na obra, e a língua portuguesa passou a expressar sentimentos, sensações, fatos e ideias de uma forma que até então não fora alcançada por ninguém.

Evocar Camões é resgatar a ética na Palavra tantos séculos depois... e também saudar outro grande poeta da língua portuguesa, que tem o dom da Palavra: Caetano Veloso.


Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luis de Camões

Gosto de ser e de estar

E quero me dedicar a criar confusões de prosódia

E uma profusão de paródias

Que encurtem dores

E furtem cores como camaleões...” (“Língua”/Caetano Veloso)